segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Margarida Rebelo Pinto, nem sei o que te hei-de chamar!

Hoje trago-vos uma crónica da conhecida Margarida Rebelo Pinto.

Uma crónica que me fez comichão e que eu não poderia deixar passar em branco - Por isso, decidi escrever a rosa.

Então, aqui está:


As gordinhas e as outras


“Serve esta crónica para retratar e comentar um certo elemento que existe frequentemente em grupos masculinos e que responde pelo nome genérico de ‘Gordinha’

A Gordinha é aquela amigalhaça companheirona que desde o liceu cultivava o estilo maria-rapaz, era espertalhona e bem-disposta, cheia de energia e de ideias, sempre pronta para dizer asneiras e alinhar com a malta em programas. Ora acontece que a Gordinha é geralmente gorda e sem formas (Ora aqui está o primeiro disparate. Conheço muitas gordinhas com curvas. E eu sou uma delas), tornando-se aos olhos masculinos pouco apetecível (Esta parte penso que seja subjectiva), a não ser em noites longas regadas a mais de sete vodkas, nas quais o desespero comanda o sistema hormonal, transformando qualquer bisonte numa mulher sexy, mesmo que seja uma peixeira com bigode do Mercado da Ribeira. (Não vou comentar - ninguém pode ser assim tão estúpido)

A Gordinha é porreira, é fixe, é divertida, quer sempre ir a todo o lado e está sempre bem-disposta, (Nada a apontar) portanto a Gordinha torna-se uma espécie de mascote do grupo que todos protegem, porque, no fundo, todos têm um bocado de pena dela e alguns até uma grande dose de remorsos por já se terem metido com a mesma nas supracitadas funestas circunstâncias. E é assim que a Gordinha acaba por se tornar muito popular, até porque, como quase nunca consegue arranjar namorado, está sempre muito disponível para os mais variados programas, nem que seja ir comer um bife à Portugália e depois ao cinema. (Vómito)

À partida, não tenho nada contra as Gordinhas, mas irrita-me que gozem de um estatuto especial entre os homens. Às Gordinhas tudo é permitido: podem dizer palavrões, falar de sexo à mesa (E não só), apanhar grandes bebedeiras e consumir outras substâncias igualmente propícias a estados de euforia, podem inclusive fazer chichi de pernas abertas num beco do Bairro Alto (Já aconteceu. Se eu fechasse as pernas, mijava-me toda) porque como são ‘do grupo’ toda a gente acha muita graça e ninguém condena. (Estava aflitinha, não me condenem por isso.)

Agora vamos lá ver o que acontece se uma miúda gira faz alguma dessas coisas sem que surja logo um inquisidor de serviço a apontar o dedo para lhe chamar leviana, ordinária, desavergonhada e até mesmo porca. (Oh Margarida... Mas isso não tem a ver com o facto de tu seres magra. Tem a ver com o facto de seres tudo isso: LEVIANA, ORDINÁRIA, DESAVERGONHADA, PORCA, e podia continuar... As pessoas só se aproveitam da oportunidade para te dizer o que pensam. E não. Não és gira, por isso não te sintas ofendida... Isso só acontece quando as miúdas são giras, segundo a tua teoria) Uma miúda gira não tem direito a esse tipo de comportamentos porque não é one of the guys: é uma mulher (!!!? Gorda = Homem? Ah! Entendi!) e, consequentemente, deve comportar-se como tal. E o que mais me irrita é quando as Gordinhas apontam também elas o dedo às giras, quando estas se comportam de forma semelhante a elas. (Tens toda a razão Margaridinha. Só que não completaste a frase. Eu começo por apontar um dedo às giras que se comportam como eu, depois estico mais quatro, levanto a mão bem alto e grito como uma peixeira "CHOCA AQUIIIIIIIIIII". Não é de lady, bem sei, mas vá lá, deixa passar esta em branco...)


Ser gira dá trabalho e requer alguma diplomacia. Que o digam as minhas amigas mais bonitas (Dado o nível da minha beleza, não sei como não somos amigas. Ah, esquece... Disseste que requer alguma diplomacia. Acho que é por isso. Não tens os requisitos necessários) e boazonas que foram vendo a sua reputação ser sistematicamente denegrida por dois tipos de pessoas: os tipos que nunca as conseguiram (sempre te souberam) levar para a cama e as gordas que teriam gostado de ter sido levadas para a cama por esses ou por outros (que sempre souberam como se comportar perante um homem). Uma mulher gira não pode falar alto nem dizer palavrões que lhe caem logo em cima. Já uma Gordinha pode dizer e fazer tudo o que lhe passar pela cabeça, porque conquistou um inexplicável estatuto de impunidade. (Foi por isso que decidi ser gorda)

Porquê? Porque não é vista como uma mulher? (Hum hum!) Porque todos têm pena dela? (Hum hum!) E, já agora, porque é que quando uma mulher está/é gorda nunca ninguém lhe diz, (Como é que podes ter tanta certeza disso, Margaridinha? Se nunca foste gorda, certamente que nunca ouviste nenhum comentário desses. Já te deste ao trabalho de perguntar a alguma gorda se isso realmente é verdade?? Ou tens nojo de falar com elas? Ups! Connosco, quis eu dizer... Pois então, à distância de um clique, e por ter medo de te contagiar com o meu vírus da gordura, afirmo que durante os meus 10 anos de experiência como gorda, que essa foi a frase que mais ouvi "Estás tão gorda!") mas quando está/é magra, ninguém se coíbe de comentar: «Estás tão magra!?» (Não serás assim tão burra ao pensar que NA NOSSA SOCIEDADE e nos tempos que correm isso seria alguma vez uma ofensa.)

Como dizia a Wallis Simpson: «Never too rich, never too slim» (Como dizia alguém muito inteligente "WITHOUT STUPID PEOPLE, WE WOULD HAVE NO ONE TO LAUGH AT). E quanto às Gordinhas, o melhor é arranjarem um namorado. Ou uma dieta. Ou as duas coisas." (Ou simplesmente um pouco de paciência, porque claramente, esta mulherzinha sofre de uma grande perturbação mental.) 

Por Margarida Rebelo Pinto


Beijos, 
Kelly Maya

Sem comentários:

Enviar um comentário