terça-feira, 14 de outubro de 2014

A viagem ao Egipto: Aquele sonho...



Sabem quando sonham com algo que parece que não vai acontecer nunca?
Sabem quando ao fim de uns anos se apercebem que afinal a vida não se esqueceu de nós? Que afinal, todas as contradições que se meteram no nosso caminho não era nada mais nada menos que a vida a arquitectar tudo para que o nosso sonho se realizasse da melhor maneira, na altura certa?

Já lá vai quase um mês desde que regressei, e não consigo contar as vezes que abri este blog para escrever sobre esta viagem.
Só agora é que me senti preparada para meter (algumas coisas) cá para fora, para contar o que vivi lá. Foi, de alguma maneira, uma viagem introspectiva e sobretudo espiritual. E por esses motivos, no primeiro mês guardei tudo só e apenas para mim.


Quando comprei a minha passagem para o Cairo, tinha apenas o alojamento marcado. O meu único plano para os 13 dias que eu ia ficar lá era: não ter planos!

O Egipto tem muitos encantos para além dos que toda a gente já ouviu falar.
Não se trata apenas de um país com a mais antiga e maravilhosa história, não se trata apenas de monumentos antigos que deslumbram qualquer comum dos mortais, trata-se também de um país rico em cultura, muito diferente daquilo a que estamos habituados, com hábitos que inicialmente nos podem chocar um pouco. Mas é essencialmente um país capaz de tocar corações.
Obviamente que quase todo o país vive do turismo, mas o Egipto é muito mais que isso.

Desde 2003 que sonhava voltar. Felizmente sou uma sonhadora nata, e realizar os meus sonhos tem sido uma tarefa árdua, mas nunca impossível.

Apesar de já ter estado lá há 11 anos, quando meti os pés fora do avião, tudo me pareceu novo.
Eram 5h30 da manhã do dia 11 de Setembro'14, quando o meu avião aterrou no Cairo. Estava a viajar há 16h30 e o bafo quente logo pela madrugada deu-me ainda mais sono. Ainda era de noite. Entrei dentro do tranfer e segui para dentro do Aeroporto.
Antes de comprar o visto no balcão dos câmbios, vi o Abdullah (que trabalha na guest house onde fiquei). Com uma placa grande na mão, amarela, que tinha em letras grandes "Raquel Maia". Dirigi-me a ele, apresentei-me, e ele ajudou-me a tratar do visto.

Fiquei instalada na Guardian Guest House, em Giza. Já tinha pago tudo antes de viajar. Tinham-me feito um preço de amigo e por esse motivo decidi ficar ali mesmo as 12 noites que ia ficar no Egipto. Já tinha visto fotos da vista do Hotel, mas quando vi pessoalmente fiquei boquiaberta. Ia acordar todos os dias com aquela vista magnifica: As pirâmides.


Vista do meu quarto na Guardian Guest House


Tentei dormir um pouco quando cheguei, mas era impossível. Tinha o coração aos saltos, a alma inquieta, o corpo cansado e a cabeça desperta. Decidi ir espreitar o terraço: WOW! Que visão... Era tudo tão irreal de tão maravilhoso que era. Parecia quase impossível que eu realmente estivesse ali...


Vista do terraço da Guardian Guest House


Vista do terraço da Guardian Guest House


Depois de alguns dias a observar, concluí que todos eles ali na zona de Giza têm uma rotina! Ás 7h limpam as ruas, às 8h preparam os cavalos, os camelos e tudo o que possam impingir aos turistas, ás 8h30 é um barulho que não se pode de gente a gritar, de carros a apitar, de cavalos a galopar. É tempo de se posicionarem e subirem até à zona das pirâmides, pois os turistas começam a chegar ás 9h. E ás 5h da tarde regressam todos a casa. Portanto, ás 5h30 as pirâmides ficam vazias e fecham os portões da área que as envolve. Ao inicio estranha-se, mas depois entranha-se.

Para ser sincera os dois primeiros dias foram um pouco assustadores. Não no sentido de sentir que alguém me pudesse fazer mal. Mas por me deparar sozinha, num país com uma cultura completamente diferente, em que toda a gente olhava curioso quando eu punha os pés na rua. Incluindo as mulheres. E lembro-me de pensar várias vezes "E agora? Onde vou? O que faço?".

Não é fácil lidar-mos com os nossos monstrinhos interiores. Nada fácil. Mas a dada altura é o que temos que fazer. Foi então que as perguntas interiores mudaram. "O que vim aqui fazer? Que gritos são estes dentro de mim que me trouxeram de volta a este sitio?"
Até hoje não tenho respostas para essas perguntas, mas sei com toda a certeza o que estas perguntas me fizeram: abrir as portas do meu ser ao mundo!

A partir deste momento deixei de ter medo, e comecei a aceitar tudo o que me aparecia no caminho, tirando especial proveito das pessoas. Das suas experiências. Das suas vivências. Aceitei todas as lições que me quiseram ensinar, todo o carinho com que me acolheram. A troca e fusão das nossas culturas. E quando me apercebi já tinha ganho três famílias maravilhosas.

Chamo-lhes FAMÍLIAS porque qualquer uma destas pessoas me tratou como se eu fizesse parte do seu seio familiar desde sempre. Porque me fizeram sentir em casa. Porque me encheram o coração de amor e carinho. As vivências com eles, guardo-as para mim, no meu coração, mas como elemento orgulhoso destas famílias que sou, mostro-vos fotografias de momentos únicos que vivi com eles.



A minha irmã Marina e o nosso "baba" (pai).



O meu irmão Mohamed e o resto da grande família.



A minha grande família de Giza. Irmãos de coração.


Antes de me aventurar nesta viagem, disse a várias pessoas que ia ao Egipto fechar um ciclo. Para ver se esta paixão pelo Egipto diminuía um pouco, ou se pelo menos não ficava tão presente e forte na minha vida.
Mas há coisas mais fortes que isso.
O destino encarregou-se de me abrir outro ciclo. Desta vez com pessoas espetaculares e com muito trabalhinho à minha espera nas terras faraónicas.
Sim! É isso mesmo. Em Março mudo-me para o Egipto, numa nova fase da minha vida.
Se tenho medo? NÃO! Nem um pouco. 
Como posso ter a certeza de que tudo vai correr bem? Não posso. Mas nunca saberei se não tentar.
Esta é a oportunidade da minha vida, a vossa há-de chegar!
Por isso, não me façam makumbas, e desejem-me toda a sorte do mundo :)


Beijos,
Kelly

Sem comentários:

Enviar um comentário